O INOCENTE DA CRUZ[1]
“E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram,
e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda” (Lc 23:33, ACF).[2]
(Foto/Montagem: Adevertir Pogian)
Parece
loucura falar da cruz, visto que “a ideia de ser crucificado não estimula muito
a nossa imaginação do século 21. Nunca vimos uma crucificação. Para nós, não
passa de uma palavra morta”[3]. Contudo, “a cruz deve ocupar o
lugar central, pois ela é o “meio” de expiação para o homem e exerce influência
em todas as partes do governo divino” (Ellen G. White, T6, p. 236).[4]
Perguntas
para consideração:
1. Que
lições podem ser extraídas desse tão sensível episódio?
2. Como
compreender a morte de um inocente, que calado é golpeado, sendo levado como
ovelha para o matadouro; humilhado pela cruel turba de pecadores do seu tempo e
por cada ser humano em todas as eras?
3. Como
entender o resgate, a graça que transforma e Salva?
4. Que
dizer da dureza do coração humano em resposta ao homem imaculado da cruz?
Vejamos os detalhes a seguir!
II. APLICANDO
O ASSUNTO
Sobre
tudo, se faz relevante destacar que ao falarmos da cruz; nos tempos de Cristo,
quando se via “um grupo de soldados romanos escoltando pela cidade uma
pessoa carregando ou arrastando parte de uma cruz, sabiam que aquela era uma viagem
sem retorno. Sabiam que a cruz era a mais cruel e humilhante das mortes. Para
Jesus e os discípulos, a cruz simbolizava a morte”.[5] Portanto, o assunto deve ser reflexivo!
1. Os
dois malfeitores da cruz.
1) Eram
dignos de morte.
Aqueles
dois “malfeitores” cometeram crimes horrendos, eram réus merecedores da punição
a qual Cristo fora submetido no meio deles (Lc 23:33, ARA).
2) A dureza do coração era parte de suas vidas.
a) Um
deles ainda, “blasfemava contra ele” (Lc 23:39 - ARA), pondo em dúvida
sua divindade. Outros da época também o faziam. O texto bíblico descreve: “Os
que iam passando, blasfemavam dEle [de Cristo]” (Mc 15:29; Sl 22:6-7, ARA).
b) Em
contraste, o outro recorreu a misericórdia. Reconheceu sua vida miserável, seu
pecado; ele “repreendeu” ao outro [o incrédulo] “dizendo: Nem ao
menos temes a Deus, estando sob igual sentença?”(Lc 23:40, ARA).
3) Quão
terrível é o pecado. Até onde ele
conduziu o homem (Gn 3:15; Is 59:2), na terra “não há justos” (Rm 3:11;
Ec 7:20, ARA); Davi reconheceu a gravidade do erro, tal como o “malfeitor da
cruz”: “em pecado me concebeu minha mãe." (Sl 51:5, ARA).
4) Teríamos
razões para alimentar a falha. Como fizera o primeiro malfeitor, só por que
caiu um dia junto ao pai Adão (Rm 3:23; 5:12)? Será que vale apena nos identificarmos
com este insensato indivíduo da cruz, ou podemos recorrer ao inocente da cruz
como fizera o outro malfeitor!
2. O inocente da Cruz.
1) Cristo foi contado com os “malfeitores” (Lc 23:33; Jo 19:12-24;
Is 53:12).
a) Paulo expõe que,“a si mesmo se humilhou [se esvaziou]”
(Fp 2:8, ARA). “Paulo parece dizer, portanto, que Cristo voluntariamente
abdicou dependente de seus atributos divinos e se submeteu a todas as condições
da vida humana”[6] Ou seja, “Jesus continuou a ser Deus, mas escolheu, por vontade
própria, não usar os poderes divinos em seu benefício próprio”[7].
b) Ele fora crucificado naquela rude cruz sem merecer. Ele
nunca pecou [Gr. Hamartia = errar o alvo]; Ele nunca cometeu “engano [Gr. Dolos
= fraude]”, Ele nunca “errou”. (1 Pe 2:22; Hb 4:15; 9:14, 26; 1 Jo 3:5; 1 Pe
1:19).
2) Ellen G. White expõe: “Cristo, nosso Salvador, em quem habita
absoluta perfeição, tornou-Se pecado para a raça caída. Ele não conhecia o
pecado pela experiência de pecar, mas suportou o terrível peso da culpa do
mundo inteiro” (Olhando para o Alto, p. 205.4).
a) Qual a razão? Por amor se entregou por toda humanidade. As
Santas Escrituras relatam: “levou em seu corpo os nossos pecados sobre o
madeiro [...] por suas feridas vocês foram curados”[8] (1 Pe 2:21-24, NVI). “Tornou-Se
nossa propiciação para que todos que O recebam possam tornar-Se filhos de Deus”
(Ellen G. White, Olhando para o Alto, p. 205.4).
3. Os dois criminosos da cruz, cada um de nós e Jesus.
a) Lutando com as próprias forças. “Os dois criminosos
revolveram-se sob as mãos daqueles que os queriam prender à cruz; o Salvador,
porém, não lhes opôs nenhuma resistência”. (Ellen G. White, Foi Por Você,
p. 6.3).
b) O porquê da cruz. “A cruz foi erguida para salvar o homem.
Cristo erguido sobre a cruz foi o meio planejado no Céu para despertar no
pecador arrependido um senso da malignidade do pecado. Pela cruz, Cristo buscou
atrair todos a Si mesmo. Ele morreu como a única esperança de salvar aqueles
que, devido ao pecado, estavam no fel da amargura”[9] (Ellen G. White, Olhando para o Alto,
p. 205.4).
c) Reconhecendo a carência de um Salvador. Maria mãe de Jesus nos
dá esse exemplo ao dizer: "E o meu espírito se alegra em Deus meu
Salvador" (Lc 1:47).
d) Podemos fazer o mesmo! E, "assim também Cristo,
oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez,
sem pecado, aos que o esperam para salvação" (Hb 9:28).
III. CONCLUSÃO
1. Não há outra forma de compreender a profundidade do sacrifício estampado
na cruz, a não ser, se lançar em temor e contrição diante de Jesus,
reconhecendo-o como Senhor e Salvador. “Em sua vida de perfeita obediência,
Jesus venceu no ponto em que Adão falhou, mas Ele fez isso como ser humano e
não como Deus. Na confiança que
depositava em seu Pai e no poder do Espírito Santo para a força diária, Ele
obtinha a mesma ajuda que nos é possível obter em nossa vida diária”[10] (Ellen G. White, O Desejado de Todas
as Nações, p. 24).
2. Vale destacar ainda, que a mensagem da cruz nos incentiva a
vencer, visto que o Cristo crucificado, também se tornou o Cristo ressurreto e
exaltado[11] (Mt 23:44-24:53; Fp 2:8-11). Por
“meio dEle”, “somos mais do que vencedores” (Rm 8:37, ACF).
IV. APELO DIVINO
1. Cristo tudo fez por nós ao se entregar naquela indelicada cruz,
não deveríamos nós, aceitar tão grande sacrifício. Submeter-se a sua vontade
obtendo contra o mal vitórias incontáveis?
2. O façamos agora! Ele nos chama com amor. (Jo 3:16,17; Rm 8:38-39).
3. Deus lhe
abençoe imensamente em sua decisão!
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[1] Organizador: POGIAN, Adevertir. Sermões e
Mensagens bíblicas: Amigo que divide coisas boas. [2018].<http://adevertir.blogspot.com.br/2017/03/os-dois-malfeitores-da-cruz-e-o.html>.
Acesso em: 25 mar 2018.
[2]
Biblia Online. Lucas 23. [2018]. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf/lc/23/33,34>.
Acesso em: 15 mar 2018.
[3]
KNIGTH, George R. Pecado e Salvação: o que é ser perfeito aos olhos de
Deus. Tradução: José Barbosa da Silva. Ed. 1 – São Paulo: CPB, 2016, 84. Mais
sobre o estudo da cruz, fé e justiça divina ver: Ellen G. White. MM, A
caminho do lar: A sombra da cruz, p. 105.
[4]
Mais sobre o assunto confira ainda: WARREN, Mervyn A. Pregação Poderosa:
princípios inspirados sobre a exposição da palavra de Deus. Tradução: César
Luís Pagani 1 Ed – São Paulo: CPB, 2013, 18, 19.
[5]
Ibid., KNIGTH, George R. Pecado e Salvação: o que é ser perfeito aos olhos de
Deus. Pecado e Salvação 2016, 84. Ver mais sobre em (D. B, Strong. Léxico
Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002,
4716, 2476): A cruz, [Gr. Stauros]. 1a)
“instrumento bem conhecido da mais cruel e ignominiosa punição, copiado pelos
gregos e romanos dos fenícios. ” E mais, à “cruz eram cravados entre os
romanos, até o tempo de Constantino, o grande, os criminosos mais terríveis,
particularmente os escravos mais desprezíveis, ladrões”; também, “autores e
cúmplices de insurreições, e ocasionalmente nas províncias, por vontade
arbitrária de governadores, também homens justos e pacíficos, e até mesmo
cidadãos romanos 1b) crucificação à qual Cristo foi submetido.
[6] Ibid., KNIGTH, George R. Pecado e
Salvação: o que é ser perfeito aos olhos de Deus, 2016, p. 144; ver ainda:
George Artur Butthick, Keith George e Crim Butterick, “ Kenois”, The
Interpreter’s Bible Dictionary (Nashville, TN: Abington Press, 1962); Edward
Heppenstall, The Man Who Is God (Washigton, DC: Review and Herald, 1977), p.
67-80.
[7]
Ibid., KNIGTH, George R. Pecado e Salvação: o que é ser perfeito aos olhos de
Deus, 2016, p. 144.
[8] Ele
morreu pelo pecador desde a fundação do mundo (Ef 1:4; Ap 13:8).
[9]
Ellen G. White continua dizendo que, “Mediante a atuação do Espírito Santo,
um novo princípio de poder mental e espiritual deveria ser trazido ao homem
que, mediante associação com a divindade, deveria tornar-Se um com Deus” (Olhando
para o Alto, 205.4).
[10]
Ver: Ellen G. White, O Desejado de Todas
as Nações, p. 24.
[11]
Mais sobre o assunto conf. HOLBOOK, Frank B. O Sacerdócio Expiatório de
Jesus Cristo. Tradução: José Barbosa. Ed 1 – São Paulo: CPB, 2012, 1-2. Ele
expõe: “A morte sacrifical de Jesus Cristo no Calvário e Seu sacerdócio
iniciado mais tarde no Céu formam um todo indivisível. Do ponto de vista
bíblico, esses dois "eventos" não devem ser separados. A morte de
Cristo não tem significado expiatório para o pecador à parte de Sua intercessão
sacerdotal. Por outro lado, o sacerdócio intercessório de nosso Senhor ficaria
sem sentido se faltassem os méritos de sua morte expiatória. "Pois todo
sumo sacerdote é constituído para oferecer tanto dons como sacrifícios; por
isso, era necessário que também esse sumo sacerdote tivesse o que
oferecer" (Heb. 8:3)”, Ele continua falando cristo exaltado “o
sacerdócio de Cristo teve início no Céu cinquenta dias após Sua ressurreição do
túmulo de José. No meio de "anjos inumeráveis", o Salvador do mundo
foi coroado [stephanoo] de glória e de honra"(Fleb. 2:9). Começa aqui o
ministério redentor de Cristo como Sumo Sacerdote da humanidade (cf. Rom. 5:10)
”. E, mais: “Deus O exaltou sobremaneira [hyperypsoo] e Lhe deu o nome
que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho,
nos Céus, na Terra e debaixo da Terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo
é Senhor, para glória de Deus Pai" (Fil. 2:8-11). A exaltação celestial de
Cristo pressupõe Sua exaltação terrena ou Seu "levantamento" [hypsoo]
sobre a cruz para "propiciação pelos nossos pecados" (I João 2:2)”. Ver:
("Hypsoo", AG 858).
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