O PREÇO DA TRAIÇÃO[1]
(Foto/Motagem: Adevertir Pogian)
Uma das piores coisas da
vida humana é viver de fingimento, cheio de “malicia”, “engano” ou “fraude”.
Mais doloroso ainda, é quando se usa dessas armas para trair o melhor amigo,
Aquele que muito deseja-lhe o bem, nesse caso: Jesus! Ele não desejava o mal
para Judas, na verdade mesmo que ele não fosse escolhido para ser um dos doze discípulos
em primeira mão, quando se ofereceu para segui-lo (politicamente), Cristo lhe
deu oportunidade (Mc 3:13-19; Mt 12:20). Mas, ele não desejou seguir o exemplo
de Seu Mestre, antes alimentou um caráter insensível, diferentemente de João
que possuía temperamento complicado (Mc 10:35-41), mas aprendeu a amar seu
Mestre e logo tornou-se um filho amado de Jesus (Jo 20: 2; 21:7, 20).[4]
1. Diante da perspicácia
de Judas, como entender a maneira pela qual Jesus lidou com Ele?
2. O que leva alguém a se
tornar tão vazio de Cristo a ponto de permitir que Satanás se apodere dele?
3. Qual o preço da
traição?
4. Que lições podemos
aprender com o erro de Judas Iscariotes?
Vejamos
a seguir!
II.
Compreendendo o assunto
1. Como exposto acima, o
personagem do texto em questão é o tipo de indivíduo, mau agradecido, cheio de
orgulho próprio, preso no mundo do dinheiro e dos interesses terrenos.
2. Seu nome possivelmente
seja “proveniente do heb. ‘ish Qeriyyoth que significa “homem de
Quiriote”, uma aldeia ao sul da Judeia, perto da Idumeia (Js 15:25; Mc 3:8)”.[5]
3. Logo, é provável que Ele
dos doze fosse o único que não nasceu na Galileia. Ele era filho de Simão (Jo
6:71).
4. Num certo momento, ele se ofereceu
para ser discípulo de Cristo, sua intenção era ocupar um elevado cargo (tesoureiro)
ao lado do Messias, que para ele era um libertador político da nação judaica, e
como dito, Cristo lhe deu oportunidade (Mc 3:13-19), ainda que ocultasse em seu
coração o mau.[6]
5. Apesar da conveniência,
ele foi capaz de se posicionar ao lado de Satanás e dos falsos líderes
religiosos da época, levando por meio do engano “Seu Mestre” a morte após tê-lo
traído.
III.
Tramando contra Jesus (v. 1 e 2).
1. Quando ocorreu e quem era
a vítima? (v. 1).
a) Segundo a descrição do
evangelista Lucas, “estava perto da festa dos pães sem fermento, chamada
páscoa” (Lc 22:1, AEC). A pascoa era observada porque Deus de uma ordem para
que fosse observada e feita uma comemoração anual do livramento dos Israelitas
do Egito (Ex 12:3-27; Dt 16:1-8).[7]
b) Marcos e Mateus acrescenta
que faltava “dois dias” para a realização da mesma (Mt 26:2; Mc 14:1, AEC).
c) Mateus ainda agrega que,
“o Filho do Homem será entregue para ser crucificado” (Mt 26:2, AEC).
2. Onde foi tomada a decisão
e quem estava envolvido? (v.2).
a) O fato aconteceu numa
“reunião do Sinédrio” (Jo 11:47, AEC), na “sala do sumo sacerdote, chamado
Caifás” (Mt 26:3, AEC). Tendo grande “ódio” e “malícia”, contra Jesus (Jo
11:46-48), “os principais sacerdotes e os mestres da lei” (Lc 22:2; Mc 14:1; Mt
26:3, AEC), “decidiram prender Jesus à traição e matá-lo” (Mt 26: 4: Mc 14:1;
Lc 22:2, AEC).
b) O fariam em secreto. Acrescenta Mateus e Marcos “não durante a
festa, para que não haja tumulto entre o povo” (Mt 26:5; Mc 14:2, AEC). Em
seguida, as Escrituras, apresenta um “traidor” aliado a Satanás e ao Sinédrio:
Judas Iscariotes!
IV. Judas um aliado de Satanás (v. 3). O texto bíblico expõe “Ora, Satanás entrou em
Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze” (Lc 22:3, AEC). Satanás o
príncipe deste mundo (Mc 14:30), estava aguardando uma oportunidade para voltar
a atacar Jesus (Lc 4:13), para isso usou Judas.
a) “Entrou em Judas ...um dos
doze”[8].
O termo “entrou” implica (gr. Eiserchomai - um verbo) que traz ideia de tomar
posse do corpo de uma pessoa, de entrar nos pensamentos que vem à mente).[9] Por
qual razão Satanás entrou em Judas, seus pensamentos? Ele estava vazio de
Cristo, por falta de constância, vigilância (Mt 12:43-45; 1Pe 5:8; 2 Pe 3:17). Seu
coração estava no dinheiro não em Cristo, como veremos!
a) O Primeiro passo.
Aconteceu no “sermão na sinagoga de Cafarnaum”, cerca de um ano antes (Jo
6:22-65). “O discurso de Cristo na sinagoga a respeito do pão da vida [Jo 6:53],
foi a crise na vida Judas”.[12] Digno
de nota: “Embora exteriormente ele tenha permanecido com os doze, em seu
coração ele havia abandonado a Jesus”.[13]
b) O Segundo passo. Foi na
festa na casa de Simão seis Dias antes da pascoa (Jo 12:1). Quando Maria ungiu
aos pés do Salvador, Judas disse ser desperdício (Jo 12:4-6). Foi nessa festa
que ele manifestou exteriormente seu desprazer, “manifestou sua disposição
cobiçosa”.[14] Era
“a ganância”, “o orgulho”, “a vingança” que lhe invadia o ser, ainda havia
chance de “perdão” e “arrependimento”, mas ele O rejeitou.[15]
c) O terceiro passo.
Aconteceu na ceia do Senhor (Jo 13: 2, 27). O convite, o apelo divino foi
rejeitado, e “o caso de Judas ficou decidido, e os pés que Jesus lavou saíram
para ir fazer a obra do traidor”.[16] “Esse foi o primeiro contato de Judas com os
líderes judeus com o propósito de trair o Mestre (Mt 26:14)”.[17] Ele
lhes exigiu uma quantia em dinheiro!
VI.
Judas e o preço da traição (v. 5).
1. Características sobre o caráter
de Judas Iscariotes:
a) Ladrão de dinheiro. Antes
do ocorrido, sendo tesoureiro de Cristo, “As pequenas quantidades que lhe
chegavam às mãos era uma tentação contínua... remunerava-se à custa desses
pequenos fundos...perante Deus, porém era ladrão”.[18]
b) Traficante de pessoas.
Logo, “indo ter com os principais sacerdotes [“alegraram-se” Mc 14:11, ARA],[19]
propôs: Que me dareis para que eu entregue a vós? ” (Mt 26:14-15, AEC).[20] Judas
queria tirar vantagens da situação. Os sacerdotes de igual modo, tornaram-se
cúmplices dele, visto que o havia “subornado”.[21] “A ordem pública era assegurada, internamente,
pelos romanos. Mas deixavam iniciativa à polícia judaica do templo para
questões ordinárias entre os judeus”.[22] O Sinédrio que era composto por 70 pessoas,
emitia ordens a nação judaica no âmbito político e civil, seu presidente, o
sumo sacerdote (Mt 26:57). Se ocupavam mais em questões religiosas[23], ou seja, rastrear falsos profetas entre o
povo.[24]
VII.
Judas e a duplicidade espiritual (v. 6). “Começou a buscar
oportunidade para lhes entregar Jesus, sem a multidão saber” (Lc 22: 6, AEC). Que
grande fingimento!
a) Judas queria seguir dois
caminhos, dois senhores. Não se faz isso
mediante Cristo (Mt 6:24; Lc 22:22). Logo, “o falso discípulo representou seu
papel em trair Jesus”[27],
o fez com um beijo lá no horto (Mt 26:48).
b) Consciência culpada. Mais
tarde, Judas “reconheceu” seu erro quando os fatos da condenação de “seu Mestre”
se desdobravam, lançando suas moedas ante o sumo sacerdote Caifás, exclamou com
voz trêmula: “Pequei”, gritou Judas, “traindo sangue inocente”, o sumo
sacerdote Caifás respondeu: “Que nos importa? Isso é contigo” (Mt 27:4, ARA).[28]
c) Do fingimento a morte. Vendo
“não ter saída”, lançou-se aos pés de Jesus, “reconhecendo-O como o Filho de
Deus”, tarde demais! Seu coração estava preso ao eu, seu arrependimento não era
sincero, mas o medo do juízo sobre si. Cristo não o condenou “olhou
piedosamente para Judas, dizendo: “Para esta hora vim Eu ao mundo” (Jo 18:37). Ele
havia rejeitado a voz de Jesus incessantemente como fizera Pilatos e diante
desse fato, creu Judas ser tarde demais, “foi enforcar-se” (Mt 27:5, ARA).[29]
VIII.
Aceitando a oportunidade de Jesus.
1. Cada pessoa tem a ciência
dos seus atos e delitos cometido contra seu Mestre Jesus; é bem verdade, que
muitos poderiam questionar que fora longe demais como Judas o fez e que não há
mais chance de salvação para si, mas devo confrontar-lhe o coração ao dizer:
ainda existe graça, ainda existe esperança e salvação! Cristo chama hoje a cada um de seus filhos com
terno amor, Ele não veio “chamar justos”, mas “pecadores ao arrependimento” (Lc
5:32).
2. Anseia você acreditar
nesse amor e receber de Cristo o perdão?
Então peça-O de coração
sincero, derrame seu viver agora mesmo nos braços Jesus sem contestar, ouça a
voz do Espírito de Deus (Hb 3:7, 8), deixe Jesus entrar em seu viver (Ap 3:20) pois
nEle encontrarás misericórdia e perdão em tempo oportuno (Hb 4:16).
3. Que Deus lhe abençoe
imensamente em sua fiel decisão!
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____________________
[1]Organizador: POGIAN, Adevertir. Sermões e Mensagens bíblicas: O Preço da Traição. [2017]. Disponível em: <http://adevertir.blogspot.com.br/2017/10/o-preco-da-traicao1.html>. Acesso em: 27 out. 2017.
[2] A versão da Bíblia Ave Maria (2007), tece o seguinte: “Os príncipes dos sacerdotes e os Escribas”
(Lc 22:4). Mais cf. BÍBLIA. Português. Bíblia católica ave maria: são
Lucas, 22. [2017]. Disponível em: <https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/sao-lucas/22/>. Acesso em: 24 out. 2017.
[3] BÍBLIA. Lucas. Português. Bíblia de Referência
Thompson: Antigo e Novo Testamento.
Tradução: João Ferreira de Almeida. 2. ed. rev. e corr. São Paulo: Vida, 2010.
Cap. 22, p. 954.
[4] Cf. (CBASD, 2014, v. 5, p. 648, 649, 651). Mais sobre cf. COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA
DO SÉTIMO DIA: A Bíblia sagrada com o comentário exegético e expositivo.
1. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2013. (Logos, v. 5).
[5] Ibid., (CBASD, 2014, v. 5, p. 651).
[6] Ibid., (CBASD, 2014, v. 5, p. 651).
[7] Veja Bíblia de Estudos Andrews (2015, p.1318). Mais detalhes ver BÍBLIA.
Português. Bíblia de Estudos Andrews. Tradução: Cecília Eller
Nascimento. 1. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2015.Segundo a Bíblia de
Estudos Genebra (2009, p. 1359). Mais sobre cf. BÍBLIA. Português. Bíblia de
Estudos de Genebra. 2. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo:
Cultura Cristã, 2009. “A festa dos Pães Asmos e da Pascoa eram festas
diferentes (Nm 28:26-27), mas a Páscoa era seguida imediatamente pela Festa dos
Pães Asmos”. Nessa festa se comorava a
libertação do povo do Egito (Êx 12:17).
[8] Um dos doze cf. (Mt 10:2-4).
[9] Ver (STRONG, 2002, p. 1525,
1519 e 2064). Detalhes cf. STRONG,
James. Dicionário Bíblico de Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego
de Strong. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. Disponível
em: <http://www.cenovalianca.com.br/biblia/dicionario_biblico_strong.pdf>. Acesso em: 2 set. 2017.
[10]Cf, (Jo 6:64, 70, 71). (CBASD, 2014, v. 5, p. 558).
[11] Cf. (WHITE, 2007, p. 507). Detalhes ver WHITE, Ellen G. O
desejado de todas as nações: o amor de Deus revelado através de Jesus
Cristo. Tradução: Isolina A. Waldvogel. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
2007.
[12] Ibid., (WHITE, 2007, p. 506).
[13] Comenta o (CBASD, 2014, v. 5, p. 558), “Como é estranho que o
supremo ato de amor de Maria a Jesus possa ter levado Judas ao seu supremo ato
de deslealdade! Ao procurar os “principais sacerdotes”, Judas agiu sob
influência do maligno (Lc 22:3) ”. Ver mais (Mc 14:10; Mt 26:14).
[14] Ibid., (WHITE, 2007,
p. 507).
[15] Ibid., (WHITE, 2007,
p. 507).
[16] Ibid., (WHITE, 2007,
p. 507).
[17] Ibid., (CBASD, 2014,
v. 5, p. 956).
[18] Ibid., (WHITE, 2007,
p. 505).
[19] Mais cf. BÌBLIA. Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento.
Tradução João Ferreira de Almeida. Revisada e Atualizada no Brasil. 2.
ed.[S.l.]: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Segundo o (CBASD, 2014, v. 5, p.
558), “Judas proveu o elo que faltava na trama sacerdotal para prender Jesus,
de forma conveniente (Mc 14:11), “sem tumulto” (Lc 22:6; cf. Mc 14:1, 2) ”.
[20] Mais sobre (Ap 18:13; Mc 14:12; Lc 22:9).
[21] Ibid., (WHITE, 2007, p. 508). Segundo o CBASD, 2014, v. 5, p. 558),
“A oferta de Judas resolveu o dilema dos líderes em Jerusalém. Eles queriam
silenciar Jesus, mas estavam paralisados pelo medo do povo (ver com. do v. 5).
O problema deles era como levar Jesus em custódia sem provocar uma revolta
popular em Seu favor (ver com. do v. 16) ”.
[22] Cf. Morin (1982, p. 102). “Mais sobre o assunto da Política do
governo Romano e da nação judaica (sinédrio) cf. Morin (1982, p. 102-123). Mais
sobre ver ainda MORIN,
Émile. Jesus e as estruturas de seu tempo. Tradução: Pe. Vicente Rodrigues
de Souze. 2. ed. São Paulo: Edições Paulinas, 1981.
[23] Sobre religiões e crenças em geral no panteão Greco-romano e
judaísmo ver TENNEY,
Merrill C (Ed.). O Novo Testamento sua origem e análise.
Tradução: Antônio Fernandes. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1995, 77-127.
[24] Ibid., (CBASD, 2014, v. 5, p. 54, 55). Mais sobre “Sinédrio” cf. GUNDRY, Robert Horton. Panorama
do Novo Testamento. Tradução: João Marques Bentes, Fabiano, Valdemar
Kroker. 3. ed. atual. e ampl. São Paulo: Vida Nova, 2008, 101. Cf, ainda Morin (1982, p. 102).
[25] Conforme o (CBASD, 2014, v. 5, p. 558), “Trinta moedas de prata
era, também, o preço tradicional de um escravo (Êx 21:32; comparar com Zc 11:12)
”.
[26] Ou “se obrigou” cf. Bíblia Ave Maria (2017).
[27] Ibid., (WHITE, 2007,
p. 508).
[28] Ibid., (WHITE, 2007,
p. 508).
[29] Ibid. (WHITE, 2007, p. 509). Cf. o desfecho da vida de Judas segundo
(WHITE, 2007, p. 509), “Mais tarde, naquele mesmo dia, a caminho da sala de
Pilatos para o Calvário, houve uma interrupção nos gritos e zombaria da turba
ímpia que levava Jesus ao lugar da crucifixão. Ao passarem por local retirado,
viram ao pé de uma árvore, sem vida, o corpo de Judas. Era uma cena
horripilante. Seu peso rompera a corda em que se pendurara à árvore. Ao cair,
rebentara-se-lhe terrivelmente o corpo, e cães o estavam agora devorando. Seus
restos foram imediatamente enterrados e ocultos às vistas; houve, porém, menos
escárnios entre a turba e muitos rostos pálidos revelavam os pensamentos
interiores. A retribuição parecia visitar já os que eram culpados do sangue de
Jesus”.
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