AGENDA COM DEUS[1]
“Enoque viveu sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém. Andou Enoque com Deus; e, depois que gerou a Metusalém, viveu trezentos anos; e teve filhos e filhas. Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos. Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si.” (Gênesis 5:21-24, ARA).
I. INTRODUÇÃO
Andar
com Deus e ter uma conduta que O agrade dentro da realidade da vida pós-moderna
não é uma tarefa fácil, como também não era nos dias em que Enoque caminhou
pelo nosso mundo.
1.
Enoque e a realidade do mundo em seu tempo. Sete (filho de Adão) o qual “Nasceu
em pecado, mas, pela graça de Deus e recebendo os fiéis ensinamentos de seu pai
Adão, honrou a Deus, fazendo Sua vontade. Separou-se dos corruptos descendentes
de Caim e lutou, como teria feito Abel, caso ainda estivesse vivo, para levar a
mente dos pecadores à reverência e a à obediência a Deus”. [2] Vindo
da linhagem de Sete, “Enoque era um homem santo. Servia a Deus com singeleza de
coração. Compreendeu a corrupção da família humana [cf. Gn 6:1-7] e se afastou
dos descendentes de Caim, reprovando-os por sua grande maldade. [...] era tão
afligido pela crescente maldade dos ímpios, que, no dia a dia, não se
relacionava com eles, temendo ser afetado pela infidelidade deles e que seus
pensamentos não considerassem a Deus com a santa reverência que era devida ao
Seu exaltado ser. Ele se afligia ao testemunhar diariamente como ignoravam a
autoridade de Deus. Decidiu se separar desses e gastar muito de seu tempo
sozinho, o qual dedicava à reflexão e à oração”.[3] Está claro, na agenda de Enoque Deus era sua
principal prioridade em face de um mundo corrompido; mesmo tendo ele uma vida
normal sendo um pai de família (Gn 5:21-24).
2.
O cristão e a realidade do mundo pós-moderno. O apóstolo Paulo, traz uma breve
reflexão da triste realidade do tempo do fim, que nos abarca hoje e, apresenta
um conselho falando a Timóteo, ele diz: “Lembre disto: nos últimos dias haverá
tempos difíceis. Pois muitos serão egoístas, avarentos, orgulhosos, vaidosos,
xingadores, ingratos, desobedientes aos seus pais e não terão respeito pela
religião. Não terão amor pelos outros e serão duros, caluniadores, incapazes de
se controlarem, violentos e inimigos do bem. Serão traidores, atrevidos e
cheios de orgulho. Amarão mais os prazeres do que a Deus; parecerão ser
seguidores da nossa religião, mas com as suas ações negarão o verdadeiro poder
dela. Fique longe dessa gente!” (2Tm 3:1-5[4], NTLH). Precisamos considerar que o
“caracteriza a família e o casamento numa situação pós-moderna é justamente a
inexistência de um modelo dominante, seja no que diz respeito às práticas, seja
enquanto um discurso normatizador das práticas”[5]; a sociedade atual é duvidosa, multiforme e
relativizada igual ao líquido.[6] Os
filhos, na maioria das vezes, vivem a liberdade desenfreada por parte dos pais
e, estão sempre ocupados com coisas supérfluas: “Criança pequena com agenda
lotada. A televisão que se transforma em babá. Os pais ausentes. Carinho
transformado em objeto. O tomagoshi e a efetividade objetificada. Erotização da
infância. Sexualidade. Publicidade. Cultura do consumo. O Outdoor anuncia:
“Xtrim. Pra quem tem, beijinho, beijinho. Pra quem não tem, tchau, tchau!” Individualismo
desencadeado pela ausência do outro. Apagamento da relação da alteridade.
Criança sozinha. Criança que manda nos pais. Esses são apenas alguns dos
fragmentos que compõe o contexto da infância contemporânea, dentre os quais
destacamos a ruptura do contato e do diálogo entre adultos e crianças como uma
questão que precisa ser analisada com maior profundidade”.[7] Creio que um dos maiores marcos de nossa
geração é o de “não ter tempo de qualidade” ou agenda para o que de fato
importa[8]: Deus, a família, os amigos e, outros; o que
tem gerado grandes impactos a vida humana e a sociedade.
A
pergunta é: até quando vamos permitir que nossa vida siga bagunçada, sem
ajustarmos as prioridades certas? O Exemplo do fiel Enoque poderá nos ajudar!
II. AGENDA COM DEUS
1. Enoque andou com Deus e passou a amar as coisas
dEle (Gn 5:21 e 22).
a) Na
agenda de Enoque, Deus era sempre a prioridade, mantinha com Ele íntima
comunhão, não possuía só uma vida piedosa: “Foi olhando com fé para Jesus,
pedindo coisas a Ele, crendo que toda palavra falada se cumpriria, é que Enoque
andou com Deus. Ele se manteve ao lado de Deus, obedecendo a toda palavra
divina. [...] Sua vida foi uma maravilhosa vida de unidade. Cristo era seu
companheiro. Ele estava em íntima comunhão com Deus”. (Ellen G. White, Manuscrito,
p. 111, 1898).
b) Na agenda de Enoque, sua vontade estava sempre de acordo
com a Lei de Deus: “Assim ele moldava constantemente a vontade e as atitudes de
acordo com os mandamentos de Deus, e tinha completa confiança de que o Pai
celestial o ajudaria”. (Ellen G. White, História da Redenção, p. 47).
c) Na agenda de Enoque o pensamento e o desejo egoísta não
tinham espaço: “Não mantinha pensamento ou desejo egoísta. Sua vontade estava perfeitamente
identificada com a vontade do Pai”. (Ellen G. White, História da Redenção,
p. 47).
d) Na agenda de Enoque seu maior influencer era Deus, com ele
se assemelhava: “Ele [Enoque] estudou o caráter de Deus com um propósito. Não
traçou seu próprio caminho nem exaltou sua própria vontade, como se fosse
plenamente capacitado para administrar as coisas. Procurou colocar-se em
conformidade com a semelhança divina.” (Ellen G. White, Carta 169,
1903).
2. Enoque andou com Deus e deixou seu testemunho como fiel
seguidor dEle (Gn 5:23; Hb 11:5b).
a. Enoque foi considerado o primeiro profeta do Mundo - viu a
humilhação, a morte, a ressurreição e a segunda vinda de Cristo: “Enoque foi o
primeiro profeta na humanidade. Ele predisse, profeticamente, a segunda vinda de Cristo ao
nosso mundo, bem como Sua obra naquele tempo”. (Ellen G. White, Manuscritos
43, 1900; cf. Jd 14).
b. Enoque testemunhou acerca do futuro do Mundo e, pessoas
creram e se converteram: “Viu também o estado corrupto do mundo, no tempo em
que Cristo apareceria pela segunda vez – que haveria uma orgulhosa, arrogante,
teimosa, arregimentada em rebelião contra a lei de Deus, e negando o único
Senhor Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, rejeitando Seu sangue e desprezando
Sua expiação. Viu justos coroados de glória e honra, e os ímpios banidos da
presença do Senhor e destruídos pelo fogo. Enoque fielmente transmitiu ao povo
tudo o que Deus lhe havia revelado pelo Espírito da profecia. Alguns creram nas
suas palavras e se converteram de sua maldade para temer e adorar a Deus”. (Ellen
G. White, História da Redenção, p. 43).
c. Enoque em seus atos agradou a Deus (Hb 11:5b). Ou seja,
sua forma de adorar foi adequada em todo momento, enquanto caminhou pelo mundo
(Hb 12:28; 13:1, 21; Rm 12:1; Fp 4:18).
3. Enoque andou com Deus e foi tomado vivo para junto
dEle (Gn 5:24; Hb 11:5a).
a. Enoque “andou” com Deus “e já não era” (Gn 5:24a): ele não
passou pela morte (Hb 11:5a), “porque Deus o tomou para si” (Gn 5:24); como foi
com Elias (2Rs 2:1-10). Ellen G. White diz: “Deus não permitiu que Enoque morresse
como outros homens, mas enviou Seus anjos para levá-lo ao Céu sem ver a morte.
Na presença de justos e ímpios, Enoque foi removido deles”. (Ellen G. White, História da Redenção,
p. 43).
III. CONCLUSÃO E APELO
Ter uma agenda com Deus, significa dar-Lhe prioridade em tudo
o que é realizado na rotina da vida, não fazer nada sem que Ele faça parte (Mt
6:33; Jo 15:5) e, esse é o real segredo do sucesso.
Devemos compreender que não é o Senhor que precisa se adequar
a nossa agenda lotada de coisas passageiras da vida que levamos neste mundo
hostil, somos nós que precisamos entender que sem Ele nada faz sentido, pois: “Ó
SENHOR, tua é a grandeza, o poder, a glória, a vitória e a majestade, porque
tudo quanto há no céu e na terra a ti pertence. Ó SENHOR, o reino é teu, e tu
governas soberano sobre tudo e todos!” (1Cr 29:11; cf. Jo 1:3; 1Cor 8:6; Hb
1:2, 10-12).
Aceita você o desafio do Senhor de criar uma agenda com Ele
em suas investidas da vida? Gostaria de dizer como o apóstolo Paulo: “Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se
entregou a si mesmo por mim”. (Gl 2:20, ACF).
Que Deus o abençoe em seu posicionamento ao Seu lado!
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[1]
Por Adevertir Pogian. Bacharel em Teologia - Faculdade Adventista da Amazônia
(FAAMA).
[2]
Ellen G. White, História da Redenção: um panorama do conflito entre o bem e
o mal (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014), p. 42.
[3]
Ibid. White, História da Redenção, p. 42.
[4] Sobre a situação do Planeta no tempo
do fim, cf. Mt 24:1-25, 37-39; Lc 21:25-27; 1Ts 5:3; 2Pe 3:3 e 4.
[5] Jeni
Vaitsman (1994). Flexíveis e plurais: identidade, casamento, e família em
circunstâncias pós-modernas. Rio de Janeiro: Rocco.
[6] Zygmunt
Bauman, Modernidade líquida (Rio de Janeiro: Zahar, 2001).
[7]
Rita Marisa Ribes Pereira; Solange Jobim Souza et al. Infância, conhecimento e
contemporaneidade. In: Sonia Kramer; Maria Isabel Ferraz Pereira Leite (Org.). Infância
e produção cultural. Campinas: Papirus, 1998, p. 37.
[8]
Mario Sergio Cortella traz uma reflexão pertinente, ele expõe: “A prioridade
não é aquela que exige abrir mão do tempo de trabalho; se a pessoa está lutando
para sobreviver, isso é uma impossibilidade. Priorizar significa olhar as
outras dimensões da vida e escolher de qual vai abdicar. Ficar dois, três,
quatro anos sem tomar uma cervejinha com os amigos, sem bater uma bolinha, sem
ir a um baile. Ora, não é à toa que cuidar de uma pessoa é uma dimensão muito
marcante na vida de um ser humano. Mesmo algumas pessoas com um pouco mais de
estabilidade financeira costumam argumentar que não têm tempo, pois precisam
ganhar a vida. Nesses casos, cabe questionar o que se entende por ‘ganhar a
vida’: estamos falando de ter o suficiente ou de excessos, de desperdícios, de
valorização daquilo que não é essencial? (Urgências e turbulências. São
Paulo: CORTEZ, 2017), p. 17.
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