ALEGRIA NA CASA DO PAI[1]

“Alegrei-me com os que me disseram: "Vamos à casa do Senhor!” (Salmo 122:1, NVI).   


I.  INTRODUÇÃO

Não podemos negar que “todo lugar” que procuremos a Deus segundo Sua vontade, O encontramos; uma vez que mediante Cristo, a verdadeira adoração não se limita a lugares ou templos terrestres (Sl 139; Jo 4:21-24). Também é verdade, que o Eterno destaca o papel da “Igreja” como um lugar de importância para Seu povo se “encorajar”, “advertir-se”, “viver o amor fraternal”, “exercitar a fé” e, a “esperança” mediante a graça de Jesus que está a destra de Deus no santuário celestial intercedendo por nós, oferecendo-nos Salvação em face do Seu breve retorno ao mundo (Hb 10:19-25); não podemos permitir que os problemas da vida, a perseguição e, outras circunstâncias sufoquem o desejo de adorarmos o Senhor em Sua casa ao lado de irmãos da fé cristã (Hb 10:32-34). 

Assim, entrar na presença de Deus em real adoração, deve ser para todos os cristãos pós-modernos[2], motivo de alegria[3]; ainda que haja momentos difíceis, pois compreendem que a bondade do Pai sempre se mostra real: seja nas atividades da vida pessoal, social ou espiritual como foi para Davi e o povo israelita no ato da peregrinação a cidade de Jerusalém para ali adorarem ao Senhor em Seu templo.

Vejamos o que podemos aprender com o exemplo de Davi e os israelitas de irem ao templo adorar ao Senhor cheios de alegria.

 

II. ALEGRIA NA CASA DO PAI

1.  Sentimento de alegria na casa do Pai (Sl 122:1-2).

a. Alegria por jornadear com os irmãos de fé até a casa do Senhor, em Jerusalém. Possivelmente para participarem numa das três principais festas do ano (Êx 23:14-19);

b. Alegria pela oportunidade de adorar juntos aos irmãos de fé na casa do Senhor. No intuito de guardar e encorajar a fé uns dos outros (cf. Sl 133:1; Hb 13:1-3): em amor fraternal (Rm 12:10; 1Pe 1:22), hospitalidade e compaixão perante as necessidades uns dos outros (Hb 11:38), auxílio aos maltratados e encarcerados por serem fiéis a Jesus (Hb 10:33-34; Mt 25:35-37).

2. Expressão de Gratidão na casa do Pai (Sl 122:3-5).

a. Expressão de gratidão por chegarem ao templo de adoração livres do perigo. O trajeto até Jerusalém era carregado de perigos das feras devoradoras e, de possíveis inimigos; chegarem ao destino esperado em paz, era motivo de gratidão pela proteção de Deus (Êx 34:24; Sl 23; 46; 34:7-9; 91).

- Ellen G. White comenta: “O povo estava rodeado de tribos ferozes, aguerridas, que se achavam ávidas por tomarem suas terras; contudo, três vezes ao ano, a todos os homens robustos, a toda a gente em condições de poder fazer viagem, ordenava-se que deixassem seus lares e se dirigissem ao lugar da assembléia, próximo do centro daquela terra. O que impediria seus inimigos de se lançarem sobre essas casas desprotegidas, e devastá-las pelo fogo e pela espada? O que impediria a invasão do país, a qual levaria Israel em cativeiro a algum adversário estrangeiro? - Deus prometera ser o protetor de Seu povo. "O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra." Sal. 34:7. Enquanto os israelitas subiam para adorar, o poder divino imporia uma restrição aos seus inimigos. A promessa de Deus era: "Eu lançarei fora as nações de diante de ti, e alargarei o teu termo; ninguém cobiçará a tua terra, quando subires para aparecer três vezes no ano diante do Senhor teu Deus." Êxo. 34:24.”[4] (Patriarcas e Profetas, 394.2).

b. Expressão de gratidão pelas bênçãos recebidas. Durante o ano judaico havia um momento de muita gratidão para o povo israelita diante das bênçãos recebidas nas atividades agrícolas; a peregrinação até Jerusalém possivelmente tinha relação com uma das três festas anuais (Êx 23:14-19): a “Festa de Pães Asmos”, mês de Abibe [substituída pela Festa da Páscoa] (fim do mês de março indo até o mês de maio) se colhia a cevada (primícias da terra), eram momentos de muitas alegrias (Ct 2:11-13): época de agradecimento por sete dias (o primeiro e o sétimo dia eram de santa convocação), se relembrava a libertação do Egito e o futuro sacrifício remidor de Cristo pelos pecadores (Lv 23:5, 6, 10 e 11; 1Cor 5:7, 8; 15:20); a segunda, a colheita de safras diversas de cereais, ocorria durante sete semanas, a “Festa da Sega” (aglomeração de agricultores) e o “Pentecostes” (um dia de festa) uns cinquenta dias após a oferta das primícias, no mês de junho: período em que se reconhecia a bondade de Deus pelas bênçãos recebidas na colheita de frutos em geral dos pomares, olivais e vinhais (Lv 23:6; At 2:1); por fim, ocorria a colheita do mês de setembro no outono, conhecida como a última colheita do ano, a “Festa da Colheita” ou “Tabernáculo” que acontecia depois do dia da Expiação anual: tempo de graça, perdão e paz com Deus (Lv 23:27 e 34).

 

3. Exercício da oração na Casa do Pai (Sl 122:6-9).

a. Orar pela paz de todos os irmãos. Ou seja, Shalom que denota: saúde integral e integridade do interior para o exterior; cada crente deveria buscar um bom convívio com todos os fiéis que estavam na cidade e no templo (Igreja), liberando amor sincero a partir do contato com Deus (1Sm 25:6; Sl 4:8; Mt 22:36-40; Lc 10:5; Jo 20:19; 1Jo 4:8, 19-21).[5]  

 

III. CONCLUSÃO E APELO

 

Alegria, gratidão e oração na casa de Deus em sincera adoração perante Ele e os irmãos da Igreja, eis uma grande necessidade da geração de adoradores da contemporaneidade; o exemplo do salmista Davi e os israelitas do tempo antigo devem nos inspirar para que saiamos da monotonia e o culto desmotivador que as vezes oferecemos ao nosso Criador que muito tem nos abençoado.

Anseia você mudar esse triste quadro? Então é hora de se levantar e dizer: “Alegrei-me com os que me disseram: "Vamos à casa do Senhor!” (Sl 122:1, NVI).


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[1] Por Adevertir Pogian. Bacharel em Teologia pela Faculdade Adventista da Amazônia (FAAMA).

[2] Para uma visão mais acurada sobre “Adoração no Contexto Pós-moderno”, cf. artigo de Sung Ik Kim em Ángel Manuel Rodriguez, org., A igreja: adoração, ministério e autoridade (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2020), p. 173-207.

[3] Daniel Oscar Plenc, sobre “Alegria e adoração”, ressalta: “Se durante a adoração nos lembramos de Sua [de Deus] bondade, então nos alegramos em Sua presença. Se olharmos com cuidado para nossa vida, sobretudo nossas experiências passadas com o Senhor, sempre encontraremos razões para nos alegrar, agradecer e prestar louvores a Deus e Sua constante bondade para conosco.” (A igreja: adoração, ministério e autoridade, p. 144).

[4] Ellen G. White Writings na obra Patriarcas e Profetas em destaque o “Capítulo 52 — As festas anuais”. Disponível em:  <https://m.egwwritings.org/pt/book/1815.2303>. Acesso em: 30 dez. 2022.

[5] “Todas as casas em Jerusalém eram amplamente abertas aos peregrinos, e forneciam-se aposentos gratuitamente; mas isto não era suficiente para a vasta assembléia, e armavam-se tendas em todo o espaço disponível na cidade e nas colinas adjacentes.” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, 395.14).

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