QUANDO AS IGREJAS ORAM (ORAÇÃO CORPORATIVA)

 Série: Se o Meu povo orar[1]

Texto chave: “e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”. (2Crônicas 7:14 – ARC).

Quinta Parte – E Orar.

XII. QUANDO AS IGREJAS ORAM (ORAÇÃO CORPORATIVA)

1. Texto para reflexão. “E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmão de Tiago. Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos.” (Atos 1:13 e 14, ACF).

2. A triste realidade dos cultos de oração atual. Já nos dias de Ellen G. White, a frequência das pessoas (membros da Igreja) aos cultos religiosos com ênfase na oração já estava enfraquecida; ela descreveu a situação como segue: “As reuniões de oração devem ser as mais interessantes a serem realizadas; são muitas vezes, porém, fracamente dirigidas.”[2]

A realidade atual não passa muito longe daquilo que White descreveu acerca do seu tempo, pois como ressalta Maxwell: “De fato, muitas igrejas de hoje até já eliminaram a reunião semanal de oração”.[3]

É verdade, como observa Peter Wagner: “Muitos dos que ainda têm, admitem que essa reunião se tornou rotineira, enfadonha e sem vida, propiciando pouca oração de ação, seja pela igreja, seja pela comunidade”.[4]

Tendo isto em mente, vemos uma grande necessidade: “A oração individual, ainda que seja tão importante em nossa caminhada com Cristo, é apenas uma faceta da ordem dada por Deus para “humilhar-nos e orar”. A oração corporativa, ou em grupo, é igualmente importante e precisa ser restaurada a um lugar de proeminência na vida da igreja”.[5] 

Surgem, portanto, alguns questionamentos: “Por que a reunião de oração é, geralmente, o mais solitário e menos frequentado de todos os eventos da semana? O que aconteceu com a nossa experiência de oração corporativa, que solapou o poder vital e até roubou o lugar que ela deveria ter em nossa vida?”[6] 

Proponho que busquemos compreender as razões e encontrar cura para o problema.

3. Por que oração corporativa? Sobretudo, ressalta Maxwell: “A Escritura nos oferece um dinâmico quadro do papel desempenhado pela oração na nascente igreja estabelecida por Cristo”.[7] Analisemos juntos:

·         “Tão logo os discípulos retornaram a Jerusalém, após a ascensão de Cristo, eles se reuniram para orar [e jejuar durante dez dias] (Atos 1:12-14)”;[8]

·         Os onze apóstolos (Atos 1:12-13), “as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” (Atos 1:14), ao todo “umas cento e vinte pessoas” (Atos 1:15). Todos com o objetivo de buscar: (a) Unidade de propósito (Atos 1:14; 2:1); (b) Criar um ambiente de oração e súplica (Atos 1:14); (c) Organizar a Igreja para o cumprimento da missão com sucesso: sob a ministração do Espírito Santo (Atos 1:15b-26).

·         “No dia de Pentecostes, estavam todos eles reunidos no mesmo lugar, orando pela prometida bênção do Espírito Santo, quando nasceu a Igreja e três mil novos seguidores foram acrescentados ao grupo (Atos 2:1 e 41)”; [9]

·         Evidência clara de que: “Uma das atividades primárias na vida daquela igreja (Atos 2:42) era a oração, e os apóstolos a consideravam como seu principal dever (Atos 6:4). O livro de Atos está cheio de exemplos da jovem igreja em oração: para que Pedro fosse liberado da prisão (12:5), para promover a eleição de novos presbíteros ou anciãos (14:23), e para chamar os primeiros missionários (4:31)”; [10]

·         A igreja primitiva sob o poder do Espírito Santo testemunhou a todos daquele tempo, cumpriu o dever que lhe foi confiado por Cristo (Colossenses 1:23; cf. Atos 1:8; Mateus 28:18-20).

Mas, a pergunta ainda soa aos nossos ouvidos: “Mas, por que é necessária esta experiência ainda hoje? Pelas mesmas razões que era necessária naquele tempo: para a liberação do poder, unidade, companheirismo e encorajamento”. [11]

4. Liberação do poder.

Sobre o assunto da “liberação do poder” na Igreja primitiva com sabedoria descreve Kent T. Wilson, ele diz: “A igreja primitiva dependia visivelmente da oração para a liberação do poder de Deus. Sua crença no papel da oração pública era evidente: ‘Se nós não orarmos, Deus não agirá’. Eles compreendiam que nas orações da igreja havia uma esperança e um poder espiritual único que não havia em suas experiências de oração particular”.[12]

É notável como ressalta Maxwell aferindo-se do texto de Wilson: “A igreja estava em chamas com a missão de salvar almas. Estamos nós?”[13]

Agrega Ellen G. White a seguinte reflexão: “Os discípulos sentiram sua necessidade espiritual, e suplicaram do Senhor a santa unção que os devia capacitar para o trabalho de salvar almas. Não suplicaram essas bênçãos apenas para si. Sentiam a responsabilidade que lhes cabia nessa obra de salvação de almas. Compreendiam que o evangelho devia ser proclamado ao mundo, e reclamavam o poder que Cristo prometera.”[14]

5. Unidade.  O próprio Cristo tratou sobre o imenso valor da unidade, ele disse: “Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (Mateus 18:19,20, ARA). Sobre este texto Maxwell tece o seguinte comentário que nos ajuda compreender de forma simples as palavras de Cristo, ele pontua: “A oração corporativa provê a oportunidade para que o corpo de Cristo experimente o poder da concórdia. A oração individual é ótima e é corrente sanguínea do crente, mas aqui Jesus está nos ensinando que algo especial acontece quando os Seus filhos entram em acordo na oração.”[15]

Acrescenta Wilson: “Assim ocorre com a oração em grupo, em que as diferentes vontades e ideias de dois ou mais crentes têm que entrar em harmonia para produzir para Deus um som unificado. ... “Quando dois ou mais crentes se reúnem para orar, eles frequentemente vêm com ideias diferentes sobre o que pedir e sobre qual é a vontade de Deus a respeito do assunto. Um pode achar que Deus quer curar o enfermo. Pode ser que outro pense que Deus está trazendo a provação da doença para ensinar o aflito. Mas, ao buscarem a concórdia e a unidade na súplica, eles começam a ouvir a voz de Deus que faz com que seus diferentes pensamentos e conhecimentos (I Coríntios 12:8) gradualmente se conformem com a vontade de Deus. E, assim, a oração deles é respondida.”[16]

6. Companheirismo e encorajamento. Apoio mútuo (companheirismo) entre duas pessoas para que haja encorajamento.[17]

7. Como injetar nova vida na reunião de oração corporativa. Maxwell nos apresenta algumas sugestões:

1. Ponha música na oração. Como diz White: “A música pode ser uma grande força para o bem; não aproveitamos, entretanto, ao máximo esse aspecto da adoração.”[18]

2. Mantenha as orações simples. “Aqueles que deixam de orar em casa e tentam compensar essa falha através de longas orações na reunião corporativa “podem ser considerados destruidores das reuniões de testemunhos e oração, de acordo com Ellen G. White. “Todos devem considerar um dever cristão ser breves na oração. Digam ao Senhor exatamente o que querem, sem rodeios.”[19]

3. Diminua o tamanho da lista de oração. Como destaca Wilson: “Longas listas de oração são o sinal de uma congregação saudável, mas são também as assassinas da oração corporativa. Identifique algumas das preocupações mais críticas e difundidas para que recebam o tempo e a atenção do seu grupo de oração. Então, peça que grupos de oração menores ou que indivíduos levem as demais preocupações a Deus, em oração.”[20]

4. Seja específico. Maxwell sugere: “As orações vagas, gerais, devem ser “colocadas” no boletim do grupo até que uma necessidade específica seja identificada”.[21]

5. Compartilhe as respostas à oração. Por exemplo: pode ser compartilhado “as respostas à oração” em reuniões de oração da Igreja ou em outro lugar escolhido.[22]

6. Mude o nome. Pontua Maxwell: “Mude essa associação negativa de ideias para uma associação positiva e dê um novo nome aos seus momentos de oração corporativa. Por exemplo, a “Hora da Oração”, ou a “Hora do Louvor”. Ou, alguma coisa mais radical, como a “Hora do Poder.”[23]

7. Convoque a igreja para momentos especiais de oração. Uma boa dica é dada por Maxwell, ele diz: “Faça convocações especiais para que a Igreja se congregue no Dia Nacional de Oração, nos festejos do Natal, no início do Ano-Novo, na Sexta-feira Santa, no preparo para séries de conferências evangelísticas, e em ocasiões especiais de busca de renovação espiritual.” [24]

8. O ministério da oração em sua igreja. “Qual é a importância da oração na vida e no funcionamento geral da igreja? Considere o que Ellen G. White viu em visão a respeito disto:

“Vi que uma espessa nuvem os envolvia e que uns poucos raios de luz da parte de Jesus penetravam a nuvem. Olhei para ver aqueles que recebiam a luz, e vi indivíduos orando fervorosamente pela vitória. ... A luz do Céu foi derramada sobre eles, mas a nuvem escura sobre a igreja em geral era compacta. O povo estava indolente e entorpecido. ... “Satanás desceu com grande poder, sabendo que tem pouco tempo. Seus anjos estão ocupados, e grande parte do povo de Deus permite ser embalada e posta a dormir. A nuvem novamente apareceu e pairou sobre a igreja. Vi que apenas mediante sincero esforço e perseverante oração esse encanto seria quebrado.”[25]

Sobre as palavras de Ellen G. White, nos faz refletir Maxwell quando diz: “O tempo se esgota. Chega de brincar de faz-de-conta. Nossas igrejas precisam tornar-se agora verdadeiros centros de diligente oração, antes que Jesus e o mundo que necessita de nós pronuncie o fim do jogo.”[26]

9. Desafio. Como líder ou membro de Igreja, você deverá responder aos seguintes questionamentos: “(1) Tem a sua igreja um ministério de oração congregacional organizado, dirigido por um líder de oração (posição de staff ou posição de liderança leiga)? (2) Tem a sua igreja uma câmara de oração ou um lugar especialmente designado para a oração? (3) A sua igreja faz correntes de oração? (4) Com base nos programas/atividades de oração de sua igreja, você afirmaria que a oração é uma alta prioridade?”.[27]


Assista "Quando as Igrejas Oram (Oração Corporativa)" 

(canal YouTube: Pr. Adevertir Pogian) 

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[1] Adaptado por Adevertir Pogian da obra de Randy Maxwell, Se meu povo orar (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), p. 12-172. Disponível em: http://adevertir.blogspot.com/2021/04/quando-as-igrejas-oram-oracao.html.

[2] Ellen G. White, Testemunho Para a Igreja, vol. 4, p. 70 citado por Maxwell na obra (Se meu povo orar, p. 115).

[3] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 115.

[4] C. Peter Wagner, Churches That Play [Igrejas Que Oram] (Ventura, Calif.: Regal Books, 1993), p. 106 citado por (Maxwell, Se meu povo orar, p. 115).

[5] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 116.

[6] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 116.

[7] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 116.

[8] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 116.

[9] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 116.

[10] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 116 e 117.

[11] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 117.

[12] Kent R. Wilson, The Lost Art of Group Player” [A Arte Perdida da Oração em Grupo], Discipleship Journal (março/abril 1994), p. 44 citado por (Maxwell, Se meu povo orar, p. 117).

[13] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 118.

[14] Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 37 citado por (Maxwell, Se meu povo orar, p. 118).

[15] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 119.

[16] Ibid., Wilson, “The Lost Art of Group Player” [A Arte Perdida da Oração em Grupo], p. 44.

[17] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 120.

[18] Ibid., White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, p. 71 citado por (Maxwell, Se meu povo orar, p. 120).

[19] Ibid., White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, p. 578 citado por (Maxwell, Se meu povo orar, p. 121).

[20]  Kent R. Wilson, “Tem Ways to Put Life Back Into Group Player” [Dez Maneiras de Devolver Vida à Oração em Grupo], Discipleship Journal (março/abril 1994), p. 45 citado por por Maxwell na obra (Se meu povo orar, p. 121).

[21] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 121.

[22] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 122.

[23] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 122.

[24] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 122 e 123.

[25] Ibid., White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, p. 178 citado (Maxwell, Se meu povo orar, p. 123).

[26] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 124.

[27] Ibid., Maxwell, Se meu povo orar, p. 124.

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